sexta-feira, 13 de abril de 2012



Olympic e Titanic-1911


TITANIC... E SEUS IRMÃOS!

Titanic. Nome que imediatamente associamos a grande tragédia de 1912, quando o “maior” e mais luxuoso transatlântico do mundo encontrou seu fim na viagem inaugural, após a colisão com um iceberg em 14 de abril que provocou seu naufrágio e a morte de grande parte de seus tripulantes e passageiros. Livros, filmes, toda a mídia enfim destacou o ressurgimento da história após a localização de seus destroços em 1985.

Apenas uma informação não foi tão propalada: o Titanic não estava só. Fazia parte de uma família ou classe de navios denominada pelo primeiro exemplar de projeto padrão: o Olympic, lançado em 1911.

No início do século XX desenrolava-se uma guerra no Atlântico Norte; A disputa comercial entre grandes empresas de transporte marítimo incentivadas pelo afluxo de produtos e novos-ricos dos Estados Unidos para a Europa e, por outro lado, milhões de emigrantes europeus no sentido contrário, buscando o Novo Mundo como alternativa à vida sem expectativas no Velho Continente, para aqueles vitimados por circunstâncias sociais, econômicas ou políticas.

A competição entre as empresas britânicas Cunard e White Star estava no auge quando, no verão de 1907, num jantar na mansão do lorde William J. Pirrie, proprietário dos Estaleiros Harland & Wolff de Belfast, Irlanda e, um dos sócios da White Star Joseph Bruce Ismay decidiram a construção de três grandes navios transatlânticos para fazer face ao lançamento por parte da Cunard dos navios Lusitânia (31500 toneladas) e Mauretania (31938 toneladas), os maiores e mais rápidos grandes navios até então.

Em Julho de 1908 foram aprovadas as plantas e assinados os contratos de construção de três transatlânticos: Olympic, Titanic e um terceiro navio-irmão, o Gigantic (posteriormente renomeado Britannic).

O Olympic teve sua quilha batida (início da construção) em 16 de dezembro do mesmo ano e o lançamento de seu casco em 20 de outubro de 1910. Sua construção foi concluída com uma viagem inaugural em junho de 1911.

Durante sua quinta viagem ocorreu seu primeiro acidente: Em 20 de setembro de 1911 o Olympic sofreu uma colisão de um cruzador da Marinha britânica, sofrendo leves danos.

Após o naufrágio do Titanic o Olympic foi recolhido ao estaleiro de origem, em Belfast, para uma atualização estrutural onde as deficiências encontradas no Titanic (altura das anteparas) foram corrigidas.

Olympic

Com o início da Primeira Guerra Mundial o Olympic foi requisitado pela Marinha britânica , tornando-se um transporte de tropas e suprimentos.

Em 26 de fevereiro de 1914 foi lançado o terceiro navio da classe, o Britannic, cuja construção atrasou devido à revisão do projeto provocada pelo desastre com o Titanic. O Britannic entrou em serviço na primavera de 1915 e, com a Grande Guerra em curso, também foi requisitado pelo governo inglês e convertido em navio-hospital. Em 21 de novembro de 1916, quando navegava pelo mar Egeu em direção ao teatro de guerra turco para recolher feridos aliados, sofreu grande explosão provavelmente causada por mina aquática ou torpedo e naufragou ao largo da ilha de Kea, matando 30 de seus 1100 ocupantes. Foi encontrado e documentado pelo oceanógrafo Jacques Cousteau em 1976.

Britannic

O Olympic sobreviveu a quatro ataques de submarinos, transportando durante a guerra 119.000 civis e combatentes. Continuou sua carreira comercial no pós-guerra, resistiu a mais um acidente em 1934 (era apelidado de “Velho Confiável”) e finalmente foi vendido em Nova Iorque em 1935 e desmontado como sucata após 24 anos de serviço.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Aviadoras Soviéticas: As Bruxas Noturnas









Vez por outra deparamo-nos com reportagens sobre o ingresso de mulheres na Força Aérea onde o assunto é tratado como fato de pioneirismo no gênero, como se só agora as mulheres revelassem capacidade de ser pilotos, caracterizando um toque machista e sem profundidade histórica da matéria jornalística.
Para citar um exemplo brasileiro, temos a grande Anésia Pinheiro Machado, que obteve seu "Brevet" de piloto em 1922, aos 17 anos de idade!


Observando a história da Segunda Guerra Mundial, vemos quão patéticas podem ser certas observações sobre as habilidades do gênero feminino. Entre os Aliados, já havia centenas de mulheres-piloto a serviço das WASP's, que faziam o translado em vôo de aeronaves militares de suas fábricas para os pontos de embarque para as áreas de combate.


O mais interessante exemplo da participação feminina na aviação militar, absurdamente pouco conhecido, é o das "Nachthexen" ou Bruxas Noturnas, como vieram a ser conhecidas pelos pilotos alemães adversários.


Após a invasão nazista da União Soviética em 22 de junho de 1941, cerca de um milhão de mulheres serviram às forças armadas soviéticas, muitas na rigorosa frente de combate na defesa da pátria. Os regimentos femininos de combate aéreo formaram-se a partir de outubro do mesmo ano, quando o Alto Comando Soviético autorizou Marina Mikhailovna Raskova (1912-1943) a organizar o Grupo de Aviação Especial Feminino Nº 122, que chegou a totalizar cerca de 1.100 pilotos.


Marina Raskova tinha o perfil ideal para a tarefa: Piloto experiente, desde 1935 havia quebrado vários recordes aéreos de velocidade e distância de vôo, além de sociável e ótima administradora, sem falar de seus notáveis conhecimentos científicos e artísticos.
Com a eclosão da guerra germano-soviética Raskova (usando a influência política que tinha) solicitou ao Comandante Supremo Soviético, Josef Stalin, a autorização para formar unidades aéreas exclusivamente femininas. O projeto foi aprovado pelo STAVKA (Shtab Gavnogo Verkhovnogo Komandovaniya) ou Alto Comando Supremo das Forças Armadas.
Após a aceitação do novo programa, as então voluntárias foram enviadas para a cidade de Engels para treinamento. Lá as candidatas completaram o curso de vôo e navegação aérea em apenas seis meses, que normalmente era concluído em unidades masculinas em 18 (dezoito) meses!


Raskova comandou o curso de formação e, com a aprovação do STAVKA formou três regimentos aéreos femininos: o 586 IAP (Regimento de Caças), o 587 BAP (Reginento de Bombardeiros) e o 588 NBAP (Regimento de Bombardeio Noturno).
Enquanto isso, a situação agravava-se em Salingrado com a batalha sendo desfavorável aos soviéticos. Faltavam pilotos ante a superioridade aérea alemã. O 586 IAP comandado pela temível Tamara Kazarinova foi designado para a defesa aérea da cidade, destacando-se em combate contra os experientes pilotos germânicos as Sargentos-Piloto Lidya (Lilia) Litviak e Yekaterina (Katya) Budanova com 12 e 11 aviões inimigos abatidos respectivamente.
Um episódio retrata a perícia de Litviak: Em 22 de março de 1943 ela foi atacada por quatro aviões Messerschmitt BF 109 sobre a área de Kharkov. Lidya derrubou dois deles e afugentou os outros dois.


Katya Budanova foi morta em combate em 18 de julho de 1943. Atacada por três aviões inimigos, conseguiu pousar seu aparelho Yakovlev YAK 1 sob controle mas, quando os aldeões aproximaram-se do avião para resgatá-la, ela jazia sem vida no "cockpit". Litviak teve o mesmo destino em 1º de agosto de 1943. A guerra aérea cobrava seu tributo com a alta mortalidade de pilotos em todas as frentes.


Antes disso, em setembro de 1942, Valerya Khomiakova abateu uma aeronave alemã JU-99, tornando se a primeira piloto soviética a destruir um avião inimigo à noite. Seu regimento, o 586 IAP, realizou 4419 missões com 38 vitórias.
O 588 NBAP iniciou suas operações em 23 de maio de 1942 na Ucrânia, comandado por Yevdokya Bershanskaya. Por sua performance destruidora em ataques noturnos contra as posições alemãs, a unidade logo ganhou o respeito de seus adversários, que sabendo de sua composição feminina, passaram a chamar o regimento soviético de "Nachthexen" ou Bruxas Noturnas.


Nas memórias do Ás alemão Hauptmann Johannes Steinhoff, condecorado com a Ordem da Cruz de Cavaleiro por suas 101 vitórias lemos: "Nós simplesmente não podíamos acreditar que os aviadores soviéticos que nos causaram o maior problema eram MULHERES (sic). Elas não temiam nada. Vinham noite após noite em seus lentos aviões e não nos deixavam em paz!"
Operando com deficiência de material, aviões às vezes obsoletos e perigosos, passando frio, fome e esgotamento, as "Bruxas Noturnas" causaram grandes perdas ao inimigo, como o ataque ao depósito de combustível alemão em Armavir. A explosão destruiu todos os aviões da base, exceto um.


Em 6 de janeiro de 1943 o regimento feminino foi premiado com o título de 46º Regimento de Bombardeio Noturno Taman, tendo realizado 23.672 missões com lançamento de 3.000 toneladas de bombas sobre o inimigo. Vinte e três pilotos desse regimento foram agraciadas com a Estrela de Ouro de Herói da União Soviética.
A Major Marina Raskova assumiu pessoalmente o comando do 587° Regimento de Bombardeio de Mergulho operando aviões Petliakov Pe-2, a partir de 22 de novembro de 1942 no "front" de Stalingrado, executando 1134 missões e lançando 980 toneladas de bombas. Destacamos o sucesso de Mariya Dolina, que abateu dois aviões alemães ao mesmo tempo com seu Pe-2!
Mesmo sofrendo grandes perdas com os constantes ataques alemães, as equipes de manutenção (também femininas) tinham uma rotina brutal: Carregar cilindros de oxigênio para os aviões (60 kg), pesadas caixas de munição, remover e manter grandes metralhadoras, fixar bombas de até 250 Kg nas aeronaves, trocar os grandes motores dos aparelhos e até mesmo evitar à força que estes fossem arrastados pelas constantes tempestades de neve, agarrando-os à mão sob uma temperatura de até -40°C!


Marina Raskova encontrou a morte em 04 de janeiro de 1943 quando o aparelho que pilotava foi destruído por uma nevasca. Foi o grande exemplo de coragem e perseverança do gênero feminino na guerra aérea.




Anna Yegorova


Dedicado a meu pai Ariovaldo Augusto Laranja


Fontes:
Internet: www.seizethesky.com/nwitches
www.google.com - night witches/ Marina Raskova

Publicações: BHUVASORAKUL, Jessica L. - "Unit Cohesion Among the Three Soviet Women's Regiments During World War II", Florida State University, Master Degree Thesis - 2004